"Ponha seus lábios perto dos meus, contanto que eles não se toquem. Fora de foco, olho no olho, até a gravidade é demais. E eu farei tudo que você disser, se você disser com suas mãos. E eu seria esperta para ir embora, mas você é como areia movediça. Essa ladeira é traiçoeira. Esse caminho é imprudente. E eu gosto disso." - Treacherous, Taylor Swift
Justin POV
Justin POV
- Eu realmente não gosto de você.
- Essa não é uma explicação muito lógica para você estar no meu carro indo para uma praia comigo.
- Só porque estou aqui não significa que eu goste de você.
- Então costuma andar com quem não gosta?
- Conhecer o inimigo é bom.
- Eu sou seu inimigo?
- Não exatamente.
Eu ri sem humor.
- Você realmente não gostaria de me ter como inimigo.
- Tudo isso porque você é um gangster?
Eu parei o carro abruptamente.
- O que você disse?
Ela se encolheu.
- Eu sei, Justin.
- Como?
- Acha que eu tenho cara de idiota? Eu vi você brigando com um cara pela varanda, eu vi o que você disse para ele. E aquela casa, cheia de homens, você com armas nas mãos... E as ameaças que você faz... Eu não sou estúpida a ponto de não conseguir concluir que você é um criminoso.
Eu apertei os dedos contra as têmporas, fechando os olhos para tentar me acalmar.
- Apenas me dê um motivo para não te matar agora.
- Você está falando sério? - Eu senti ela estremecer.
- Mas é claro que eu estou, porra! Você não pode saber disso! Ninguém pode saber. Você deveria cuidar da merda da sua vida.
- Você não fez nenhum esforço para esconder isso de mim. Eu não sou burra. Você sabia que eu ia descobrir.
- Se você não tivesse ido no caralho da minha casa, não teria me visto com uma arma na mão. Se você não estivesse espiando a vida alheia pela porra da sua varanda, não teria escutado o que eu disse para o desgraçado do Bugg. Se você não estivesse tão perto de mim, não teria que ouvir a droga das minhas ameaças. Resumindo, SE VOCÊ ESTIVESSE CUIDANDO DO PRÓPRIO NARIZ, NÃO SABERIA O QUE EU SOU OU DEIXO DE SER?
- Por que você está tão irritado? Se fosse mais cuidadoso, eu não saberia de nada. Eu não estava espiando da minha varanda, eu estava apenas olhando o céu e então você apareceu gritando como um louco e eu não podia me fingir de surda. Ou agora não posso mais ficar na minha própria varanda porque meu vizinho é um gangster?
- Barbara - eu disse finalmente abrindo os olhos e a encarando. Ela arregalou os olhos.
- O quê?
- Prometa-me que não vai contar nada sobre o que sabe.
- Por quê?
- PROMETA-ME.
Ela franziu os lábios.
- A única pessoa que me interessa saber disso é a Pattie, e ela já sabe, então eu prometo.
- Barbara. Você não entende. Não é uma simples promessa. Você tem que prometer e cumprir, está me ouvindo? Você não pode contar para absolutamente ninguém. Nem para suas amigas. Nem para seus animais de estimação. Nem para o seu travesseiro. Entendeu?
- Eu não vou contar.
- Bom assim.
- E nós vamos ou não vamos para a praia?
- Ah. - Eu uni as sobrancelhas. - Claro, eu tinha me esquecido. - Dei partida no carro novamente.
Ela balançou os fios lisos de seu cabelo com impaciência.
- Você é tão bipolar.
- Por quê?
- Porque você é. E eu não sou rápida o suficiente para acompanhar suas mudanças constantes de humor.
- Sinto muito, então. E se você ainda quiser passar o dia com o mestre dos surtos bipolares, chegamos.
Ela saiu do carro. Eu sabia que ela estava acostumada que abrissem a porta do carro para ela, e pelo jeito ela sabia que eu não faria isso. Menina esperta.
Eu saí do carro, observando o mar enorme a minha frente. Eu gostava daquela praia por algum motivo desconhecido.
- É essa? - Barbara perguntou.
- É.
- Mas não tem ninguém.
- Essa é a intenção. - Eu me virei para ela e sorri maliciosamente.
- Idiota. - Ela revirou os olhos.
Me abaixando, eu desamarrei o cadarço do tênis e o tirei. Fiz o mesmo com o outro e segurei o par com uma mão, então entrando na areia. Quando estava perto do mar, me sentei e virei para trás. Barbara olhava seus sapatos, que eram de salto por sinal, provavelmente decidindo se os tiraria ou não. Por fim, com um suspiro, ela fez o mesmo que eu e andou até mim, sentando-se ao meu lado.
- Demorou muito para decidir se estragaria ou não seus belos sapatos, boneca? - provoquei.
- Eu não queria pisar na areia descalça mas também não queria estragar minha sandália. Você não tem noção de como foi uma decisão difícil.
- Imagino. - Eu ri, jogando um galho no mar.
O silêncio predominou por alguns segundos. Eu não me incomodei, porém Barbara estava inquieta, como se estivesse desconfortável com algo.
- Justin? - ela disse antes que eu pudesse perguntar o motivo de sua inquietação. Não que eu fosse.
- Hã?
- O que te leva a ser assim?
- Assim como?
- Um gangster.
Eu ri sem nenhum humor novamente.
- O que te leva a ser quem você é? O que te faz preferir o doce do que o salgado? O que te faz gostar da cor preta e odiar a cor verde? O que te faz odiar aquela pessoa que você não consegue achar motivos para detestar tanto, mas mesmo assim detesta? A sua essência. O que eu sou, nasceu comigo.. É claro que eu poderia ter escolhido outro caminho, mas eu gosto deste. Gosto de ter escolhido isso. Porque eu simplesmente sou assim. Eu gosto de ver o terror. Eu gosto de... Como posso te explicar isso? - Eu me questionei, olhando em volta de mim. Peguei um galho com uma ponta afiada, aproximando-o de meu braço, me perguntando se seria o suficiente para romper a pele. Logo, eu estava perfurando o braço.
- O que você está... - Barbara começou a perguntar, chocada.
- Shiii... - eu a repreendi. Só voltei a falar quando o sangue estava aparecendo. - Olhe isso. Está vendo o sangue escorrendo? Eu tenho prazer em ver isso. Eu gosto. Mas só quando é o sangue de alguém que eu odeio.
Eu esperei uma resposta, mas nada foi dito. Barbara me encarava com uma espécie de pavor no rosto.
- Eu não queria assustar você...
- Você é cruel - ela cuspiu as palavras para mim. - Você é doente!
- É o que você acha?
- Você é pior do que qualquer pessoa que eu tenha conhecido na vida. Você gosta de matar. Você é um monstro!
De algum modo, aquelas palavras me afetaram. Eu nunca tinha pensado em mim mesmo como um monstro. Era a primeira vez que eu fazia essa analogia.
- Eu não disse que gosto de matar.
- Você gosta de sangue. Escorrendo. Isso dá em matar para mim. Ou machucar. Você gosta de machucar os outros, não é? Ou é algum tipo de vampiro?
Eu ri.
- Não, eu não sou algum tipo de vampiro. Você me perguntou o que me leva a ser assim. Eu te disse a verdade. Só isso.
Ela engoliu em seco.
- Está com medo? - eu questionei.
- Sim.
- Pensei que não tivesse medo de mim. - Eu ri.
- E não tinha. Antes de saber o quão louco você é!
Eu ri de novo, mas não respondi. Depois de uns segundos de silêncio, ela perguntou:
- E você gostaria de ver o meu sangue escorrendo?
- No dia em que te conheci, sim. Mas, hoje, para falar a verdade, não. Para ser sincero, eu simplesmente detestaria isso.
Ela sorriu.
- Obrigada, eu acho.
- Não vai sair correndo de mim aos gritos, né?
- É uma possibilidade.
Eu ri. Peguei um maço de cigarros do bolso, tirando um de lá e pegando um isqueiro, acendendo-o e colocando entre os lábios.
- Como é a sensação de fumar?
- Ótima. Nunca provou?
- Já, mas eu estava bêbada, então nem conta.
- Você bêbada? Eu pagaria para ver isso.
- Por quê?
- Seria engraçado. Tipo, "te ver descer do salto" - fiz aspas com os dedos no ar -, pelo menos uma vez na vida.
- Eu não estou em cima do salto. Eu estou descalça.
- Você entendeu. - Eu revirei os olhos.
Ela riu. Eu me permiti prestar atenção no som de sua risada, e acabei concluindo que gostava. E não sabia porquê.
- O que está fazendo aqui? - ela perguntou de repente.
- Oi?
- Você sabe. Não devia estar roubando pessoa, assassinando alguém, ou vendendo drogas?
Eu ri.
- Eu não faço isso o tempo todo.
- E o que você faz quando não está sendo um monstro?
- Aguento pessoas chatas me fazendo perguntas chatas.
Ela abriu a boca, claramente querendo mostrar que estava ofendida.
- É brincadeira. - Eu ri de novo. - Você não é tão chata assim.
- Eu sou fabulosa. Você devia agradecer por ter a chance de conversar comigo.
- E humilde também.
- É uma das minhas milhões de qualidades.
Eu balancei a cabeça, rindo e olhando o mar.
- Aquele é seu namorado? - eu perguntei sem pensar. Quando vi, as palavras já tinham saído de minha boca.
- Aquele quem? - Ela olhou em volta.
- Um cara com quem eu vi você um dia.
- Ah. O Will? Sim, ele é. - Ela sorriu, olhando o mar.
- Faz quanto tempo?
- Hmmm. Dois anos.
- Nossa, isso é muito.
- Nunca namorou por bastante tempo?
Eu ri.
- Sexo na veia, namoro na cadeia.
Ela gargalhou.
- Eu devia ter imaginado.
- Eu não namoro. Isso é perca de tempo. E eu não aguentaria ficar com uma mulher só por muito tempo.
- Que horror!
- É a verdade.
Ela revirou os olhos. Depois de um tempo em silêncio, eu disse:
- Ele tem cara de gay.
- Ele quem?
- Seu namorado.
- Ah, isso eu posso te garantir que ele não é. - Ela molhou os lábios.
- Eca, não faça essas insinuações perto de mim.
- Por quê?
Eu me virei e peguei o rosto dela em mãos, apertando seu maxilar com uma delicadeza que eu nunca tinha tido antes. Ela arregalou os olhos conforme meu rosto foi ficando mais perto do dela.
- Porque eu realmente gosto de você.
+40 comentários
Alguns séculos depois, aqui estou eu de novo. Não vou pedir desculpas nem dizer meus motivos para não ter postado por tanto tempo, isso é patético. Simplesmente falta de responsabilidade. Eu sei que tem muitas pessoas aqui que realmente gostam dessa fic, e que meus dias para postar parecem anos. Não quero que vocês abandonem aqui por terem cansado de esperar... Eu sinto muito. Não vou prometer mais, eu vou cumprir.
Bom, para mim, a história começa agora. Antes estava muito bleh pelo fato de eu ter que introduzir a história para vocês, mas agora as coisas vão começar a acontecer. Então, espero que gostem.
Peçam para eu divulgar a fanfic de vocês pelo ask, porque como são muitos pedidos nos comentários eles acabam se perdendo no meio dos outros e no ask é mais fácil de lembrar.
Quando der 40 comentários, eu posto de novo. Me digam o que acharam e o que acham que vai acontecer, pls <3.
Obrigada pelo apoio, vocês são incríveis!